Profissionais do setor afirmam que livro " Que Bobagem", de Natalia Pasternak e Carlos Orsi, ignora estudos científicos sobre a psicanálise
Veja opinião de especialistas sobre enquadramento científico da psicanálise
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A relação entre psicanálise e ciência voltou a chamar atenção após o livro "Que Bobagem" , recente lançamento de Natalia Pasternak e Carlos Orsi, definir o legado de Sigmund Freud como uma "pseudociência".
Um dos principais pontos dos autores é a ausência de estudos que comprovem a eficácia da prática. Mas, segundo estudiosos da área, o argumento detém problemas. Psicanalistas vieram a público afirmar que Pasternak e Orsi ignoram estudos que seguem padrões metodológicos científicos e mostram a eficácia da prática psicanalítica.
"Todos eles mostram que a psicanálise segue rigorosamente os mais criteriosos parâmetros da ciência. Então ela é sim uma ciência, segundo esses parâmetros. Isso não é uma opinião, é um fato", diz Rogerio Lerner, psicanalista membro da Sociedade Brasileira de Piscanálise de São Paulo (SBPSP).
Cristian Dunker, psicanalista e professor de psicologia da Universidade de São Paulo (USP), acredita que a psicanálise até pode não se enquadrar no conceito de ciência específico tratado pelos autores — o qual, por si só, já é repleto de problemas e contradições próprias.
Mas, na visão dele, isso não significa que a prática não tenha evidências comprovadas, como argumentam Pasternak e Orsi.
"Temos evidências, participamos do debate científico, estamos na história da ciência. E pelas evidências e pesquisas que a gente dispõe, a psicanálise não é uma pseudociência", diz.
O fato é que, para decidir se a psicanálise está ou não na família das ciências, é preciso também responder a outra pergunta igualmente polêmica: o que é, afinal, ciência? Veja como especialistas procurados pelo Byte encaram a discussão toda.
O que é a psicanálise?
A psicanálise é uma abordagem terapêutica e teórica desenvolvida por Sigmund Freud no final do século 19. Ela busca compreender a mente humana, seus desejos e conflitos inconscientes e os impactos na vida cotidiana dando importância aos sonhos, linguagem e memórias reprimidas.
"A aposta que Freud faz é um tratamento em que o paciente possa falar livremente os pensamentos que vêm a sua cabeça, a respeito daquilo que ele sofre. O sofrimento humano estaria associado às relações humanas, principalmente no que ficou marcado da infância", diz Maycon Torres, doutor em psicologia e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Existem várias vertentes de psicanálise, e o trabalho de cada profissional varia muito. Mas, no geral, durante uma sessão, o terapeuta escuta atentamente e interpreta padrões enquanto o paciente fala.
"A partir do momento em que a pessoa pode falar livremente sobre a sua experiência de vida é que se consegue também estabelecer quais são seus os padrões de comportamento inconscientes", comenta Torres.
Embora rica em insights sobre a psicologia humana, a natureza subjetiva da psicanálise levanta questões sobre sua classificação como ciência.
Enquanto a ciência tradicional depende de experimentos controlados e observações que podem ser medidas e replicáveis, a psicanálise muitas vezes baseia-se em leituras subjetivas.
Tais interpretações variam de pessoa para pessoa e não podem ser "repetidas" com outro paciente de maneira idêntica, como em um experimento de laboratório.
Essa subjetividade torna difícil validar a psicanálise, segundo alguns pensadores, nos mesmos termos que as disciplinas científicas mais rigorosas.
Sigmund Freud foi o criador da psicanálise
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Freud errou?
Pasternak e Orsi não negam os benefícios de abordagens psicoterapêuticas na saúde mental humana e da sociedade como um todo.
Afirmam, entretanto, que não é possível dizer se a psicanálise funciona melhor do que outras abordagens, tendo ela algum valor clínico único. Além disso, alegam que os efeitos sentidos pelas indivíduos atendidos são mais atribuídos à relação pessoal entre paciente e terapeuta do que à linha terapêutica em si.
Os autores colocam a psicanálise no campo das pseudociências já que, segundo eles, faltam evidências empíricas que sustentem os preceitos de Freud. Na obra "Que Bobagem", sustentam que a existência do subconsciente psicodinâmico, base das investigações e conclusões tiradas pelo criador da psicanálise, não é comprovada.
"Se esse inconsciente psicodinâmico não está lá, então todo o empreendimento psicanalítico faz tanto sentido quanto hepatoscopia, a arte de prever o futuro examinando o fígado de animais sacrificados", escrevem no livro.
Além disso, resgatam relatos de pacientes que relatam não terem se beneficiado de sessões com Freud.
Defensores da psicanálise sustentam que não é lógico descartar todo o campo com base em limitações de teorias iniciais. Argumentam que a psicanálise, assim como todas as áreas do conhecimento, evoluiu e se diversificou ao longo do tempo, incorporando novas abordagens e métodos mais adequados.
Dunker, da USP, rebate a suposição de que casos clínicos sigam uma lógica indutiva de pesquisas — de que, quanto mais casos certos, mais a psicanálise tem razão. Ele atribui os casos de Freud citados como um indicativo de que a prática está sujeita a analisar seus próprios erros para se aprimorar.
"Os casos do Freud, com algumas exceções, foram casos de sucesso parcial e relativo. São casos com insucessos com os quais a gente apende", afirma.
Evidências em psicanálise
Psicanalistas apontam pesquisas que seguem padrões científicos e mostram os benefícios terapêuticos da abordagem psicanalítica no tratamento de distúrbios psicológicos, dos mais comuns aos mais complexos.
Lerner, da SBPSP, assina uma publicação da que contesta a obra "Que Bobagem".
No texto, alega que existem ensaios clínicos — randomizados e controlados com cegamento e tratamento estatístico de dados — de psicanálise e psicoterapia psicodinâmica que os autores não mencionam, apesar de seguirem as diretrizes metodológicas exigidas.
"Se eles estivessem citando e tivessem confrontado os dados, a gente teria um debate científico. Ignorar a existência de estudos tão robustos é um erro científico", escreveu Lerner na publicação.
Procurados pelo Byte, Pasternak e Orsi responderam às alegações afirmando:
"O mero fato de haver estudos sugerindo que determinado efeito é real, ou que determinada terapia funciona melhor que um placebo, não basta para estabelecer esses fatos — é preciso avaliar a qualidade dos estudos, dos controles aplicados e ver como eles se encaixam na totalidade da evidência sobre o assunto. No caso das terapias psicodinâmicas, o conjunto da evidência disponível indica que não funcionam melhor do que outras modalidades terapêuticas e que o principal efeito positivo, quando existe, é independente do aparato teórico utilizado (no caso, a teoria psicodinâmica) e depende crucialmente da pessoa do terapeuta".
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Estudos atestam evidências da psicanálise, rebatem especialistas
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O que é ciência, afinal?
Apesar dos últimos desdobramentos, o debate não é exatamente novo. O enquadramento da psicanálise no ramo das ciências é uma discussão que dura décadas. E pode-se dizer que o cerne da discordância entre os que acreditam e desacreditam na postura científica da psicanálise passa pela própria definição de ciência.
"Seria um equívoco considerar a ciência como algo que possua uma circunscrição excessivamente clara e definitiva do que é e do que não é", diz João Lima de Almeida, doutor em filosofia e professor na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) que pesquisa a discussão filosófica da psicanálise e da psiquiatria.
Segundo o professor, os critérios básicos para algo ser considerado ciência envolvem a realização de uma investigação factual com um método de coleta de dados.
Essa investigação deve incluir a formulação de hipóteses que expliquem os fenômenos observados, sujeitas à avaliação pelos pares científicos.
Tais critérios, embora essenciais para conferir sentido à própria palavra "ciência" e reconhecer atividades como tal, são fluidos ao longo do tempo e adaptados pela prática das comunidades científicas. Eles podem (e devem) ser questionados para evoluir.
"Não acredito, pessoalmente, que a psicanálise possa se enquadrar em qualquer critério estrito ou até mais abrangente daquilo que a gente possa entender por ciência", diz Almeida.
"A psicanálise é e se reconhece como uma atividade terapêutica preocupada com a cura do sofrimento psíquico das pessoas. Se há ou não a cura, é outro tema", comenta.
"Eu queria desestabilizar essa oposição entre é uma ciência ou é uma pseudociência, falsa ciência, impostora", diz Dunker. Para o psicanalista, a psicanálise pode ser entendida no espectro de uma prática que se apoia na ciência.
"A psicanálise tem evidências, elas são concretas e feitas pelos métodos que não são os métodos psicanalíticos, são métodos de pesquisa experimental. Mas ter evidências não é suficiente para você dizer que é uma ciência; mas isso significa que também você não poderá dizer que é uma pseudociência".
Windows Copilot ainda não está no Insider Program, mas site especializado na cobertura da Microsoft teve acesso ao próximo assistente virtual da big tech
Anunciado em maio, o Windows Copilot, assistente virtual da Microsoft baseado em ChatGPT, teve sua usabilidade vazada. O Copilot ainda está no início do seu desenvolvimento e não foi liberado nem mesmo para os usuários do Windows Insider Program. Por isso, a versão do assistente testado pelo site Windows Latest apresenta alguns erros — e um aviso de "pré" no seu ícone.
Windows Copilot não está disponível nem mesmo no Insider Program
Foto: Divulgação/Microsoft / Tecnoblog
O Windows Copilot será o substituto da Cortana, primeiro assistente virtual usado pela Microsoft em seus sistemas operacionais. O substituto é fruto da parceria entre a Big Tech e a OpenAI, criadora do ChatGPT. A tecnologia por trás do Copilot é a mesma usada no ChatGPT e Bing Chat, o modelo de linguagem grande (LLM, na sigla em inglês).
Windows Copilot atende o que você pede, mas não faz
Nos testes realizados pelo Windows Latest, o Windows Copilot até entendeu o que o usuário pedia: em alguns ele só não fez. Claro, ainda estamos falando de um recurso na fase inicial de desenvolvimento. Então é normal que ele não funcione como o esperado.
Um exemplo de "entendi, mas não farei" foi quando o Windows Copilot recebeu o comando de ativar o modo escuro do sistema operacional. O assistente respondeu com o botão para ativar recurso, mas informou que não seria capaz de ligar o modo. Ainda assim, já mostra que é um bom corte de etapas.
Copilot permitirá que o usuário personalize o Windows com comandos — nos testes ele ainda não funcionou como o esperado
Foto: Reprodução/WindowsLatest / Tecnoblog
Para ativar o modo escuro no Windows 11, o método mais rápido é digitar "modo escuro" no campo de pesquisa da barra de tarefas, clicar para abrir a configuração e depois ativar no menu correspondente. Com o Copilot, você só terá que abrir a IA na barra lateral, pedir a ativação e clicar no card de ação. As mesmas três etapas, mas sem precisar de uma novela janela.
Esses cards de ação serão usados pelo Windows Copilot para fornecer o acesso aos recursos do sistema. O site que divulgou esse "vazamento" não chegou a mostrar outros testes, mas podemos imaginar outros exemplos, como um card de ação para trocar a saída de áudio e outro para ativar um timer.
O Windows Copilot é baseado na web, sendo praticamente o Bing Chat do Microsoft Edge. Felizmente, de acordo com o site Windows Latest, ele é "bem" integrado ao sistema operacional, sendo capaz de identificar os programas que você está usando e abrir softwares — por exemplo, Word e PowerPoint.
Windows Copilot é o "J.A.R.V.I.S." da Microsoft
https://www.youtube.com/watch?v=FCfwc-NNo30
Quando a Microsoft anunciou o Windows Copilot em maio, comparei o assistente com o J.A.R.V.I.S. do Homem de Ferro. Esta nova IA da empresa de Redmont buscará entender o usuário para entregar a melhor experiência com o Windows 11.
A proposta da Microsoft é que o Copilot também facilite a vida dos seus consumidores, seja para o trabalho ou para tarefas diárias. Nos exemplos da apresentação, a empresa mostrou até que ele será capaz de se integrar com aplicativos de terceiros.
A Agência Espacial Europeia compartilhou os primeiros detalhes do projeto GE⊕-LPS, um satélite com 1 km² que transmitirá energia solar às futuras bases lunares
A Agência Espacial Europeia (ESA) publicou um estudo detalhando o projeto GE⊕-LPS, da empresa suíça Astrostrom, que visa implementar um satélite para coletar energia solar a partir do espaço e enviá-la à Lua. Segundo os engenheiros da empresa, o sucesso do GE⊕-LPS também permitiria usar a mesma tecnologia na Terra.
Foto: Astrostrom / Canaltech
Usando o Sol, a nossa maior fonte de energia, o GE⊕-LPS teria painéis solares em forma de V fixados em um eixo e posicionados em forma de hélice. No total, o satélite teria cerca de um quilômetro quadrado, incluindo também uma base espacial para astronautas.
O projeto renderia 23 megawatts contínuos de energia, segundo o estudo, que seriam transmitidos para a Lua, alimentando as futuras bases lunares e a atividade humana a ser desenvolvida por lá. Essa energia será enviada para os receptores na superfície na forma de radiação microondas.
O satélite é projetado para fornecer energia à Lua, mas projetos como este também poderiam servir à Terra (Imagem: Reprodução/Astrostrom)
Foto: Canaltech
Segundo os engenheiros da empresa, construir o GE⊕-LPS na própria superfície lunar seria mais econômico do que fazê-lo na Terra. Isso porque, caso fabricados aqui, os painéis teriam que ser lançados ao espaço em vários voos espaciais e os custos acabariam elevados, enquanto lançamentos de foguetes a partir da Lua seriam mais fáceis e baratos.
Além disso, os elementos necessários para a produção dos painéis estão disponíveis no regolito lunar. Um desses "ingredientes" são os componentes da pirita de ferro, que podem formar cristais de 4mm e funcionar como uma camada externa reflexiva para os painéis solares.
Conceito da fábrica de painéis solares para o satélite (Imagem: Reprodução/Astrostrom)
Foto: Canaltech
O satélite estaria localizado no ponto Lagrange Terra-Lua (um ponto onde a gravidade de ambos os corpos se anulam), a cerca de 61.350 km da superfície lunar. Ele também serviria como estação para astronautas em missão na Lua, fornecendo gravidade artificial e suporte à saúde das tripulações.
O WhatsApp começou a liberar a opção de envio de fotos em alta resolução no app para Android; o recurso parece ser distribuído aos poucos
Finalmente, o WhatsApp permite enviar fotos em alta resolução no Android. O Canaltech encontrou a opção de qualidade elevada disponível na versão 2.23.12.78 do mensageiro (estável), atualmente em distribuição para todos os usuários.
Assim como previsto no WhatsApp Beta, as opções de qualidade aparecem no topo da tela, num botão ilustrado com a sigla "HD". Ao tocar sobre ele, o app exibe a bandeja "Qualidade da foto", em que é possível alternar a propriedade do envio de "Qualidade padrão" para "Alta definição".
Foto: Aarn Giri/Unsplash / Canaltech
O envio de fotos em alta resolução, porém, não é totalmente livre de compressão. Conforme apurou o CT, as mídias estão limitadas à resolução 3120 x 4160 pixels e ainda são aplicados ajustes na iluminação para reduzir o tamanho do arquivo. Apesar disso, é um salto significativamente grande em comparação à "Qualidade padrão" que possui resolução 1200 x 1600 pixels.
Os envios em alta definição do WhatsApp exigem mais internet para serem concluídos e, provavelmente por conta disso, é necessário optar pelo envio em HD a cada foto. No chat, as capturas enviadas ou recebidas em alta são identificadas com uma tag "HD" no canto do balão.
Distribuição gradativa
Por enquanto, o WhatsApp ainda não se manifestou oficialmente sobre a novidade, portanto é possível que a distribuição aconteça de forma gradativa. O Canaltech entrou em contato com o WhatsApp para obter mais informações sobre a distribuição da novidade e este texto será atualizado assim que houver um posicionamento da empresa.
Segundo informações da Play Store, a atualização 2.23.12.78 é distribuída desde 20 de junho de 2023, então já deve estar disponível para a maioria dos usuários.
O Banco Nacional da Suíça (SNB) deve emitir uma moeda digital do banco central para operações financeiras no atacado (wholesale CBDC) por meio da bolsa digital SIX como parte de um piloto, disse o presidente da autoridade monetária em uma conferência em Zurique nesta segunda-feira.
Fachada da sede do Swiss National Bank em Zurique, na Suíça 23/03/2023 REUTERS/Denis Balibouse
Foto: Reuters
"Isso não é apenas um experimento, será dinheiro real equivalente a reservas bancárias e o objetivo é testar transações reais com participantes do mercado", disse Thomas Jordan, durante o Fórum Point Zero.
Jordan disse que o projeto-piloto, que começará "em breve", foi planejado no momento por um tempo limitado.
Os bancos centrais de todo o mundo estão estudando versões virtuais de suas moedas para evitar deixar os pagamentos digitais para o setor privado, já que o declínio do dinheiro se acelerou devido à pandemia.
Ao contrário dos CBDCs para o atacado que usam títulos tokenizados, o SNB há muito tempo é cauteloso quanto ao uso público ou de varejo.
Jordan disse estar preocupado com os riscos potenciais que os CBDCs de varejo poderão ter para o sistema financeiro, enquanto o uso deles será mais difícil de controlar.
"Não excluímos que nunca introduziremos produtos de varejo [CBDCs] mas, no entanto, somos um pouco prudentes no momento", disse ele.